Luminosa(s) Língua(gens)
Espaço aberto aos usuários da Língua Portuguesa e das Literaturas de Língua Portguesa, cujas palavras vêm a ser elemento revitalizante e vital para a (re)configuração do real.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
P2 (a) - Revisão: Língua e Linguagens (1º ano - EM)
terça-feira, 20 de abril de 2010
P2 (b) - Revisão : Intertextualidade, interdiscursividade e paródia (1º ano - EM)
1- Leia os dois fragmentos dos poemas abaixo e responda ao que se pede.
Violões que choram... (Cruz e Sousa-séc. XVIII)
Ah! plangentes violões dormentes, mornos,
Soluços ao luar, choros ao vento...
Tristes perfis, os mais vagos contornos,
Bocas murmurejantes de lamento.
Violoncelo (Camilo Peçanha-séc. XIX)
Chorai, arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
a) Segundo o conceito de intertextualidade, podemos dizer que o segundo poema tem relação com o primeiro? Justifique.
R.: Sim, pois os dois textos possuem o mesmo tema e dialogam com o mesmo conteúdo; o 2º poema é inspirado no 1º.
b) Podemos dizer que, neles, a interdiscursividade não está presente? Justifique.
R.: Não. Porque o discurso, o assunto abordado é semelhante; e isto apresenta ao mesmo tempo visões de mundo parecidas e próprias, mas que se distanciam por causa das épocas diferentes em que os versos foram escritos.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Os precedentes da Semana de Arte Moderna (1922)
Os primórdios da arte moderna no Brasil
Em 1913, estivera no Brasil, vindo da Alemanha, o pintor Lasar Segall. Realizou uma exposição em São Paulo e outra em Campinas, ambas recebidas com uma fria polidez. Desanimado, Segall seguiu de volta à Alemanha, só retornando ao Brasil dez anos depois, quando os ventos sopravam mais a favor.
A exposição de Anita Malfatti em 1917, recém chegada dos Estados Unidos e da Europa, foi outro marco para o Modernismo brasileiro.
Todavia, as obras da pintora, então afinadas com as tendências vanguardistas do exterior, chocaram grande parte do público, causando violentas reações da crítica conservadora.
A exposição, entretanto, marcou o início de uma luta, reunindo ao redor dela jovens despertos para uma necessidade de renovação da arte brasileira.
Além disso, traços dos ideais que a Semana propunha já podiam ser notados em trabalhos de artistas que dela participaram (além de outros que foram excluídos do evento).
Desde a exposição de Malfatti, havia dado tempo para que os artistas de pensamentos semelhantes se agrupassem.
Em 1920, por exemplo, Oswald de Andrade já falava de amplas manifestações de ruptura, com debates abertos.
A semana de 22
A Semana, de uma certa maneira, nada mais foi do que uma ebulição de novas ideias totalmente libertadas, nacionalista em busca de uma identidade própria e de uma maneira mais livre de expressão. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno.
13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Theatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna". Tudo transcorreu em certa calma neste dia.
15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noite foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternam e confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos de Manuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de tuberculose.
Ainda assim, nota-se até as últimas décadas do Século XX a influência da Semana de 1922, principalmente no Tropicalismo e na geração da Lira Paulistana nos anos 70 (Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, entre outros). O próprio nome Lira Paulistana é tirado de uma obra de Mário de Andrade.
Mesmo a Bossa Nova deve muito à turma modernista, pela sua lição peculiar de "antropofagia", traduzindo a influência da música popular norte-americana à linguagem brasileira do samba e do baião.
Entre os movimentos que surgiram na década de 1920, destacam-se:
Movimento Pau-Brasil
Movimento Verde-Amarelo e Grupo da Anta
Movimento antropofágico
Revista Klaxon
Revista de Antropofagia
domingo, 21 de março de 2010
Figuras de linguagem - diz respeito às formas conotativas das palavras. Recria, altera e enfatiza o significado institucionalizado delas. Incidindo sobre a área da conotação, as figuras dividem-se em:
a. Figuras de construção (ou de sintaxe): têm esse nome porque interferem na estrutura gramatical da frase.
b. Figuras de palavras (ou tropos): constituem-se de figuras que adquirem novo significado num contexto específico.
c. Figuras de pensamento: realçam o significado das palavras ou expressões.
1. Figuras de construção (ou de sintaxe)
1.1. Elipse - Omissão de um termo facilmente identificável. O principal efeito é a concisão.
Ex.:De mau cordo, mau ovo (De mau cordo só pode sair mau ovo)
1.2. Pleonasmo - Repetição de um termo ou idéia. O efeito é o reforço da expressão.
Exs.:Vi-o com meus próprios olhos.
Rolou pela escada abaixo.
1.3. Onomatopéia - Consiste na imitação de um som.
Exs.:O tique-taque do relógio a enervava.
Há ainda: zeugma, polissíndeto, iteração (repetição), anáfora, aliteração, hpérbato, anacoluto, e silepse.
2. Figuras de palavras (ou tropos)
2.1. Metáfora - Fundamenta-se numa relação subjetiva, ela consiste na transferência de um termo para um âmbito de significação que não é o seu e para isso parte de uma associação afetiva, subjetiva entre dois universos. É uma espécie de comparação abreviada, à qual faltam elementos conectores (como, assim como, que nem, tal qual etc.).
Ex.:Murcharam-lhe (assim como murcham as flores) os entusiasmos da mocidade.
2.2. Metonímia - Consiste na substituição de um nome por outro porque entre eles existe alguma relação de proximidade.
Ex.:O estádio (os torcedores) aplaudiu o jogador.
Há ainda: catacrese e antonomásia.
3. Figuras de pensamento
3.1. Antítese - É a figura que evidencia a oposição entre idéias.
Ex.:Buscas a vida, eu, a morte.
3.2. Hipérbole - É uma afirmação exagerada para conseguir-se maior efeito estilístico.
3.3. Eufemismo - Consiste no abrandamento de expressões cruas ou desagradáveis.
Exs.: Foi acometido pelo mal de Hansen (= contraiu lepra).
O hábil político tomou emprestado dinheiro dos cofres públicos e esqueceu-se de devolver (=o hábil político roubou dinheiro).
3.4. Ironia - Consiste em sugerir, pela entonação e contexto, o contrário do que as palavras ou as frases exprimem, por intenção sarcástica.
Exs.: Que belo negócio! (= que péssimo negócio!).
O rapaz tem a sutileza de um elefante.
Há ainda: prosopopéia, gradação e apóstrofe.
sexta-feira, 19 de março de 2010
Seus versos tinham musicalidade e sutileza para a atmosfera religiosa que inspiravam como mostra a passagem a seguir:
"Tu que és a lua da Mansão de rosa
da Graça e do supremo Encantamento,
o círio astral do augusto Pensamento
velando eternamente a Fé chorosa;"
(Cruz e Sousa)
Também havia a busca da purificação com o espírito atingindo regiões etéreas e integração com o espaço infinito (cosmos) como nos versos a seguir:
"A voz do céu pode vibrar sonora
Ou do inferno a sinistra sinfonia,
Que num fundo de astral melancolia
Minh'alma com a tu'alma goza e chora;"
ALPHONSUS DE GUIMARAENS
Ouro Preto foi o cenário dos primeiros anos da vida do Poeta que desde sua infância dava sinais de extrema sensibilidade e acentuada introversão. Considerado um dos grandes nomes do Simbolismo, e por vezes o mais místico dos poetas brasileiros, Alphonsus de Guimaraens tratou em seus versos de amor, morte e religiosidade. A morte de sua noiva Constança, em 1888, marcou profundamente sua vida e sua obra, cujos versos, melancólicos e musicais, são repletos de anjos, serafins, cores roxas e virgens mortas. Seus sonetos apresentam uma estrutura clássica, e são profundamente religiosos e sensíveis na medida em que ele explora o sentido da morte, do amor impossível, da solidão e da inaptação ao mundo.
Contudo, o tom místico imprime em sua obra um sentimento de aceitação e resignação diante da própria vida, dos sofrimentos e dores. Outra característica marcante de sua obra é a utilização da espiritualidade em relação à figura feminina que é considerada um anjo, ou um ser celestial, por isso, Alphonsus de Guimaraens é neo-romântico e simbolista ao mesmo tempo, já que essas duas escolas possuem características semelhantes. Oscila, assim, entre os indícios materiais da morte e a expectativa do sobrenatural, como se toda a sua poesia se fizesse em variações de um mesmo réquiem. Mas a evolução da linguagem é permanente e a tendência a um barroco discreto -- de Ouro Preto, Mariana se flexibiliza, se inova com acentos verlainianos, mallarmaicos, de que brotam imagens muitas vezes ousadas, não longe da invenção surrealista.
Sua obra, predominantemente poética, consagrou-o como um dos principais autores simbolistas do Brasil. Em referência à cidade em que passou parte de sua vida, é também chamado de "o solitário de Mariana", a sua "torre de marfim do Simbolismo".
Sua poesia é quase toda voltada para o tema da Morte da Mulher amada. Embora preferisse o verso decassílabo, chegou a explorar outras métricas.Como o dístico observadona estrofe do poema Árias e Canções:
"A suave castelã das horas mortas
Assoma à torre do castelo, As portas,"
Outra tematica observada em suas poesias é a morte como forma de evasão e de fuga do plano terreno, o amor é abordado de forma platonica e idealizante, pois nao ha lugar para o sensualismo e erotismo. A figura femininaaparece de forma divinizada, distante, fria e morta. Como na estrofe a seguir:
"Hirta e branca... Repousa a sua aurea cabeça
Numa almofada de cetim bordada em lirios.
Ei- la morta afinal como quem adormeça
Aqui para sofrer Além novos martirios."
(Alphonsus de Guimaraens)
A Poesia Moderna no Brasil
Na década de 1930 a poesia moderna brasileira consolida-se. As ousadias, por vezes excessivas, da geração de 1922 vão se abrandando. O resultado é o nascimento de uma lírica pujante, elaborada por um excepcional conjunto de criadores. Poucos países do mundo podem se orgulhar de possuir um grupo tão expressivo quanto este. A legítima idade de ouro do gênero poético, no país, ocorre em mais ou menos cinqüenta anos, até a década de 80, - quando morre Drummond e João Cabral se aposenta - fechando um ciclo de incomum grandeza. Didaticamente, podemos dividir estas brilhantes vozes poéticas em duas linhas:
a) O grupo da tradição lírica: Resulta da síntese entre as inovações modernistas e o melhor da poesia ocidental do passado, fundindo a linguagem renovadora com temas clássicos e universais. Predomina a subjetividade e reafirma-se o velho poder da inspiração, nos moldes românticos. Seu maior expoente é Manuel Bandeira, mas enquadram-se neste bloco Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e Mário Quintana.
b) O grupo da modernidade radical: Estrutura-se em oposição ao confessionalismo e ao subjetivismo da poesia tradicional, mesmo aquela produzida por autores contemporâneos. O mundo torna-se mais importante do que o eu-lírico. Há uma grande desconfiança a respeito das possibilidades comunicativas da linguagem e rejeita-se a inspiração, privilegiando-se a técnica e a carpintaria poética. O nome principal é o de Carlos Drummond de Andrade. Outros representantes seriam Murilo Mendes, João Cabral de Mello Neto e os concretistas de São Paulo.
Não é errado falar também um grupo (ou subgrupo) que opta pela poesia engajada. Este tipo especial de lírica origina-se dos compromissos sociais, políticos e religiosos dos escritores, para quem a arte se identifica com a manifestação de princípios nacionalistas, católicos ou marxistas. Geralmente correspondem à fases transitórias dos poetas, como a do socialismo de Drummond, a da religiosidade popular de Jorge de Lima, ou a do catolicismo conservador de Vinícius de Moraes, no início de carreira, etc. Do ponto de vista da linguagem, seus adeptos fogem do experimentalismo e buscam um estilo mais convencional, e por vezes discursivo. Mais próximos de nós, encontramos, nesta vertente engajada, boa parte das obras de Ferreira Gullar e Afonso Romano de Sant´Anna.